O Que é o ISO e Como Posso Usá-lo nas Minhas Fotografias?
O IPF pediu a contribuição dos seus formadores para debaterem um tema importante na técnica fotográfica: o que é o ISO? Aqui fica a primeira contribuição do formador do IPF Tiago Fernandez.
O ISO é um elemento fundamental da fotografia digital, sendo uma das três escalas que nos permitem controlar a exposição de uma fotografia (sendo as outras a escala dos tempos de exposição e a das aberturas relativas).
Neste artigo, procuramos explicar-lhe, de forma simples, o que acontece quando altera o ISO na sua câmera fotográfica e como isso pode afectar as suas fotografias.
Em primeiro lugar, vejamos então o que é o ISO. A designação ISO corresponde à abreviatura do nome do organismo que criou a respectiva escala – International Organization for Standardization. A existência de uma escala de ISO é da maior importância, pois permite, por exemplo, a utilização do mesmo valor de ISO em diferentes câmeras fotográficas com a garantia que os valores de exposição serão semelhantes.
O ISO refere-se, em essência, à sensibilidade do sensor da câmera fotográfica à luz. Quando se altera o valor do ISO na câmera fotográfica estamos a tornar o sensor mais ou menos sensível à luz.
Uma das grandes vantagens introduzidas pelas câmeras fotográficas digitais prende-se com a possibilidade de alterar, fotografia a fotografia, o valor do ISO. No caso da fotografia analógica, a sensibilidade é escolhida pelo fotógrafo no momento em que escolhe a película que irá utilizar, sendo que, caso esteja a utilizar um rolo de película, terá que manter essa mesma sensibilidade até o rolo acabar.
Os valores mínimo e máximo da sensibilidade ISO variam entre câmeras fotográficas mas, na generalidade dos casos, podemos encontrar sensibilidades que variam ente ISO 100 e ISO 12800.
A relação, em termos de exposição, dos valores ISO é relativamente fácil de entender. Um valor de ISO 200 corresponde ao dobro da sensibilidade de ISO 100 e a metade da sensibilidade de ISO 400. Se estiver a fotografar em modo manual e alterar o valor ISO de 200 para 800 terá que efectuar os correspondentes ajustes no tempo de exposição e/ou na abertura relativa, para manter o valor de exposição correcto.
Mas a alteração do valor ISO, para além do efeito na exposição da fotografia, tem também um efeito na qualidade do ficheiro digital que convém ter sempre presente. Quanto mais baixo for o valor ISO, melhor é a qualidade do ficheiro digital e menos ruído digital o mesmo apresentará. Inversamente, quanto mais elevado for o valor ISO mais ruído digital a fotografia apresentará.
Watermelon Slim’s drummer, Clarksdale, Mississippi, 2014 © Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Na fotografia acima, em que foi usado um valor ISO extremamente elevado (ISO 3200) para conseguir alcançar um tempo de exposição suficiente para evitar que o motivo ficasse tremido, é bem visível o ruído digital.
Detalhe da fotografia anterior ampliada a 100% sem aplicação de qualquer redução de ruído em pós-produção.
Convém salientar que nem todas as câmeras reagem da mesma forma à utilização de valores ISO elevados, pelo que terá de testar a sua para saber quais são os limites de valor ISO a que pode chegar sem perder demasiada qualidade no ficheiro digital.
A utilização de valores ISO mais baixos não se traduz apenas na existência de menos ruído, mas também numa melhor reprodução de cores e detalhe. Assim, é geralmente recomendável manter o ISO no valor mais baixo possível, ou próximo do valor de ISO nativo da câmera fotográfica (para saber qual é este valor, consulte o manual da sua câmera fotográfica).
No entanto, existem situações em que é inevitável o recurso a valores de ISO elevados. O exemplo mais óbvio serão as situações de luz reduzida, como durante a noite ou em interiores. Também em situações em que é necessária a utilização de um tempo de exposição curto para “congelar” o movimento, é normal que se aumente o ISO.
A sua câmera fotográfica também dispõe de mecanismos de redução de ruído para valores ISO elevados, mas ainda que funcionem bem, a sua utilização será sempre à custa da qualidade do ficheiro digital, sendo normal perder algum detalhe. Também os programas de edição de imagem, como o Adobe Lightroom, permitem, de forma cada vez mais eficaz, reduzir o ruído presente em fotografias feitas com utilização de valores ISO elevados, mas também aqui em prejuízo da qualidade da fotografia.
Assim, e como regra, em situações em que, face à luz disponível, não se pretende utilizar um tempo de exposição curto e dispomos de um tripé, devemos evitar aumentar o ISO e fotografar com a câmera montada no tripé, com um tempo de exposição longo. Desta forma, mesmo com o tempo de exposição longo, conseguimos evitar que a fotografia fique tremida por efeito da utilização do tripé.
Também em situações em que não necessitamos de uma grande profundidade de campo, deveremos optar pela utilização da maior abertura relativa possível, de forma a conseguir alcançar um tempo de exposição que assegure uma exposição correcta e evite que a fotografia fique tremida.
Noutras situações, em que em função da luz disponível e do tipo de assunto que se pretende fotografar, não é possível a utilização de um tripé ou de uma grande abertura relativa, não nos resta outra alternativa senão aumentar o ISO.
E lembre-se, entre não fazer a fotografia ou fazê-la ainda que a utilização de um ISO elevado e que sabe irá provocar algum ruído na imagem, opte sempre pela segunda hipótese.
Em resumo, a utilização de valores ISO elevados permitir-lhe-á o recurso a tempos de exposição mais curtos (para congelar movimento, por exemplo), aberturas relativas menores (para aumentar a profundidade de campo) e é adequada a situações de luz reduzida. Isto resultará num aumento do ruído no ficheiro digital.
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